Hoje enquanto orava pelo alimento com a minha filha de 5 anos, fiquei um pouco curiosa como um pedido dela a Deus. Eu orava:
- Papai do céu abençoa a vitamina da minha gatinha (é como a chamamos) para que ela cresça forte e bonita...
Ela completa:
- E branca.
Percebendo minha surpresa com o seu pedido inusitado, rapidamente explicou:
- Porque as princesas tem a pele branca e elas são lindas!
Fiquei imaginando o que poderia estar acontecendo no processo de construção do eu da minha filha.
Fui pesquisar e descobrir coisas interessantes.Numa postagem do site http://primeirainfancia.org.br/?p=8006 , vi que no processo de diferenciação dos pais e construção do eu, as crianças normalmente se utilizam de modelos a serem imitados, isso porque todos nós temos um anseio por nos diferenciar e auto afirmar como seres individuais, embora os vínculos iniciais criados na infância nunca sejam de fatos rompidos. Na verdade, a partir dos vínculos afetivos formados na primeira infância, a crianças criam uma base segura para interagir com o mundo, nessa fase é comum elas se apegarem a algum brinquedo, objeto e até ídolo. Para Fromm (1990), a figura do ídolo é necessária ao homem para lhe dá apoio e força, por isso o sucesso dos super-heróis. Dionis Souza explica:
Pelo vínculo formado ao super-herói, a criança absorve os aspectos do mesmo nesse processo de diferenciação de sua família de origem. O papel da mídia no apego infantil a esses heróis é ativo, a maneira como a mesma veicula a imagem desses ídolos infantis, os associando aos efeitos especiais, jingles, cores fortes e explosões, cria na criança um apelo à imitação de comportamento, que pode ser interna lizado e integrado como um traço da identidade na infância (FLORES, 2003)
E continua:
É comum da infância, imitar o que se percebe e a realidade que se cerca, sendo assim os valores trazidos e externalizados pelo herói são copiados pela criança, modelando sua conduta. A imagem do herói de hoje, está embutida de estereótipos de gêneros que influenciam na formação dos valores da criança. Para os meninos [...] um padrão de masculinidade machista, como a violência e a agressividade. Já com as meninas é explorada a feminilidade baseada na delicadeza e no padrão físico europeu ocidental (ALVES; DAMÁSIO; LIMA, 2010, p. 6).
De acordo com Mota (2003), os heróis da atualidade são personagens altamente agressivos, com o estereótipo masculino negativo, demonstrando sua virilidade fazendo uso demasiado de armas e violência. Essa versão de masculinidade apresentada a garotos em idade de construção e empossamento de si, pode promover comportamento violento nos mesmos, visto que há uma banalização da violência, sendo usada inclusive como meio de se obter o desejado.
No entanto, temos de lembrar que a imitação é um dos meios naturais de aprendizagem infantil e por que não dizer, universal. Em todo processo de aprendizagem está embutido a observação, a análise e a conduta.
Como pais podemos apresentar à nossos filhos bons modelos de comportamento e conduta. E sobretudo, devemos apresentar-lhes Jesus, como supremo exemplo, digno de ser imitado. Mas a nossa tentativa de fazer com que nossos filhos imitem o Salvador, deve vir acompanhada da força do nosso exemplo como imitadores de Cristo.